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Crise afeta inadimplência em condomínios, mostra Instituto Pró-Síndico

Juntas, despesas com funcionários e consumos de água e luz representam quase 70% dos gastos de um condomínio



A crise que o Brasil vive não está promovendo apenas a falência das empresas. O problema está, inclusive, atingindo também os condomínios. Entretanto, independente da situação econômica, grande parte da dificuldade poderia ser evitada se erros não fossem cometidos pelas gestões de síndicos durante os últimos 04 anos.

Apesar dos síndicos serem os responsáveis legais pelas edificações, as grandes vilãs são as administradoras. Empresas que se especializaram em assessorar os condomínios na parte financeira, fiscal, contábil e trabalhista, mas que, na prática, agem com amadorismo: “Essas empresas são responsáveis por gerir recursos milionários, mas, muitas vezes, sua capacidade de gestão é feita por pessoas amadoras e isso tem feito que muitos condomínios fiquem insolventes. A situação é gravíssima. Temos casos nos quais a luz e o gás foram cortados”, explica Dostoiévscki Vieira, presidente do Instituto Pró-Síndico.

O valor da taxa condominial ano após ano, via de regra, não deveria ficar inalterado ou ser reduzido, por um simples motivo: tudo tende a subir, ainda mais em um país com inflação oficial perto de 10%. No entanto, alguns síndicos e administradoras fazem de tudo para não aumentar por leniência, despreparo ou boa política ou, quando o fazem, é um reajuste irrisório. “O condomínio não visa lucro. Portanto, qualquer reajuste que sofra, será para as chamadas contas ordinárias, que são as despesas básicas para funcionamento como energia, funcionários, manutenções, conservações e esta não poderá ser usado para pagar benfeitorias maiores que devem ser propostas em rateios e fundo extraordinários. Por esses e outros fatores como a inadimplência, é melhor sobrar do que faltar. Há casos de que, por má administração, os funcionários do condomínio simplesmente entraram em greve”, ressalta Roberto Piernikarz, diretor de condomínios da BBZ administradora, referência de boa gestão nas cidades em que atua.

Outro problema sério a ser ressaltado é a falta de gerenciamento da inadimplência, que subiu, em média, de 13% para 17% e em alguns casos pode chegar a 50% dos moradores. O principal fator não é a falta de dinheiro, mas sim, a falta de um sistema de cobrança eficaz. “É comum o condômino priorizar o cartão de crédito que tem um juro de 300% ao ano e deixar de lado outras despesas. Se este inadimplente não for cobrado rapidamente e de forma eficaz, a dívida irá se transformar em uma bola de neve para os dois lados, condomínio e condômino”, explica Piernikarz.


Juntas, despesas com funcionários e consumos de água e luz representam quase 70% dos gastos de um condomínio. É comum, quando o empreendimento já está no vermelho, a administradora propor a troca de mão de obra por uma empresa terceirizada. Porém, no curto prazo haverá o desembolso enorme com o pagamento de verbas rescisórias com as demissões, podendo provocar um déficit ainda maior e o corte de serviços básicos, como água e luz. “Quando é realizada uma auditoria, em 90% dos casos observamos que as contas dos condomínios possuem algum tipo de problema, quer seja pequeno, quer grande”, finaliza Vieira.

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