Os efeitos da crise econômica colaboraram para esfriar o mercado de aluguel residencial
Foto: Emerson Tormann.
O preço do aluguel residencial no primeiro semestre registrou queda média de 1,78%, segundo o índice FipeZap e de 5,23% nos últimos 12 meses. O indicador, que avalia o valor médio dos imóveis em 11 cidades brasileiras, aponta que estas foram as maiores reduções nos últimos nove anos, quando a série histórica foi iniciada. O preço médio do m² no mês de junho é de R$ 30,45, enquanto no mesmo período do ano passado o valor era de R$ 33,54.
O maior custo foi verificado no Rio de Janeiro, que sediará os Jogos Olímpicos em agosto. São Paulo, Brasília, Santos e Recife fecham cinco primeiras posições. O IGP-M - apurado nos seis primeiros meses de 2016, foi de 5,91%. O índice, calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) é utilizado para a correção dos aluguéis. A rentabilidade do aluguel em junho foi de 4,5% e vem caindo progressivamente desde 2010, quando foi próxima de 7%. Entre 2008 e 2009 o rendimento chegou a ultrapassar 8% ao mês, além daquele praticado pela caderneta de poupança.
Com o agravamento da crise econômica, a alta da inflação – que atingiu a marca de 8,84% nos últimos 12 meses, a queda dos rendimentos das pessoas e incertezas decorrentes do expressivo fechamento de postos de trabalho, quem aluga uma casa ou apartamento se vê obrigado a renegociar o valor anteriormente acordado junto ao locador.
De acordo com Eduardo Zylbertajn, coordenador da pesquisa FipeZap, os locadores estão preferindo dar um desconto nas despesas com IPTU e condomínio. “A locação não tem a mesma rigidez do mercado de venda. Por isso, é psicologicamente mais fácil ajustar o preço de aluguel do que o de venda”.
Perdas e ganhos
O servidor público Luiz Matos, 52, aluga um apartamento de 95m² no Setor Bueno, região Sul de Goiânia, numa localização próxima à colégios e cursos preparatórios. Para evitar um possível rompimento do contrato com a família de uma estudante que reside no local há dois anos, ele decidiu manter o mesmo valor que acordou em 2014. “É ruim por um lado, mas por outro compensa. Ao invés de ter de arcar com despesas como condomínio e IPTU, não preciso me preocupar com o pagamento mensal deles, e ainda tiro um dinheiro, que é essencial em outras despesas que tenho”, afirma.
A renegociação foi essencial para que a autônoma Luciana Farias se mantivesse no imóvel onde mora. “Os sucessivos reajustes do condomínio do prédio me levaram a conversar com o dono do apartamento. Aleguei que o meu orçamento foi feito num contexto e que estava inviável permanecer naquela situação. Por ter sido corretora, tive facilidade para negociar com o locador, que resistiu inicialmente, mas entendeu que era melhor renegociar o contrato a ficar com o apartamento vazio, gerando custos, e sem perspectiva de aluga-lo. Foi benéfico para ambos”, pontua.
Dicas
O economista Pedro Martins recomenda umaconversa franca com o locadorpara quem precisa rever o preço do aluguel, expondo as dificuldades e a necessidade da correção, sob pena do rompimento do acordo de uso do imóvel. Martins acredita que os efeitos da crise sobre o mercado ainda serão sentidos em médio prazo, sobretudo pela falta de liquidez da economia. O cenário pode embasar o argumento dos locatários para uma reavaliação do valor.
“Quem tem imóvel sabe das dificuldades, mas pode resistir num primeiro momento, o que é compreensível. Ao mesmo tempo, o locatário precisa ter um jogo de cintura para que a negociação chegue a um valor benéfico a ambos. Se o diálogo não prosperar, aí sim é prudente que a pessoa procure uma casa ou apartamento cujo aluguel caiba no bolso. Ao mesmo tempo há aqueles proprietários que preferem ficar com o imóvel vazio a alugar por um preço que julgue baixo”, finaliza.
Fonte: O Hoje.
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